Francisco GrazianoBom dia, tenho que me acostumar aqui com o microfone que é poderoso, eu inicialmente vou pedir licença a todas as autoridades para cumprimentá-los e agradecer por esse convite, em nome de duas pessoas que são da organização desse evento e são meus colegas da ESALQ de Piracicaba , Nelson Kamitsuji e o Celso Mizumoto. Em nome deles eu cumprimento a todos. Quando me procuraram falando da ideia do Novo Rural, que foi a preocupação de centralizar nesse tema, lembrei que esse é o título do meu penúltimo livro: “O Novo Mundo Rural”, e eu fiquei muito curioso, gostei do convite e me sinto privilegiado de estar com vocês discutindo. Que novo é esse? E como nós podemos participar deste novo? E quais são os desafios que o novo mundo rural está trazendo para nós? Eles existem e não são fáceis, então vou lhes pedir um pouco de paciência para apresentar a configuração sobre o tema que a sociedade de cultura japonesa está buscando. Esse tema faz parte da história da minha vida, eu me sinto capaz, não de ensinar coisas para vocês, mas de colocar umas questões que talvez ajudem a encontrar os novos caminhos.

O que é o novo e o que é o antigo muitas vezes nós sabemos, mas ficamos em dúvida entre qual o melhor. O Fusca era bom não era? E esse Fusca novo? O que é o novo?  É a inovação, mas tem a tradição, então é melhor inovar? Quando inovamos, nós mantemos ou acabamos esquecendo das tradições? Então, eu só estou fazendo um aquecimento, a inovação sempre vem, agora a tradição não precisa ser jogada fora, só precisa ser recontextualizada. Onde a gente trata como tradição, a cultura, para que a cultura tradicional não impeça a inovação, é diferente, tem gente que só é tradição e se você só fica na tradição acaba se descuidando da inovação, é um problema. O que é o futuro? É mais tecnologia ou vai fazer a gente voltar para o passado, há muitas pessoas que quando vislumbram o futuro falam: “no tempo dos meus pais, avós era bom, morávamos na fazenda, não tinha isso nem aquilo”. Pode até ser verdade, mas vai voltar àquele tempo? Não volta mais. Então o futuro sempre vai para frente, e significa mais tecnologia, nunca menos, o futuro é esse aqui conectado ou é esse? Quem está com o celular conectado? Toda sociedade é conectada, então o novo que estou querendo mostrar para vocês, sempre será mais tecnologia, com mais inovação e interligação entre as pessoas. Não tem como voltar atrás, eu vou resumir porque estou falando um pouco de evolução, e eu separei daquilo que compreendo, quatro aspectos que chamo de realidade contemporânea, que fazem parte do nosso mundo hoje, se não considerar, entre outras, essas quatro realidades, nós não saberemos entender o que é o novo.

Na primeira urbanização, há quarenta anos, nós não imaginávamos que fosse acontecer uma urbanização como aconteceu aqui no Brasil. Nós achávamos que podíamos seguir um caminho diferente, mas o fato é o seguinte, da população do Brasil hoje, 87% é urbana e 13% é rural, e no mundo a população urbana já é maior que a rural. Na Argentina, 92% da população é urbana. Existem 52 países no mundo maiores e desenvolvidos, cuja população urbana é maior que 80%. Isso está significando o seguinte: Teoricamente, há alguns anos, imaginando que fosse possível ser diferente, as cidades estão atraindo cada vez mais pessoas, e nas cidades as pessoas encontram forças de comunicação que não encontravam no campo. E entre os estudiosos da civilização, muitos poucos conseguem imaginar que será possível frear essa vontade da população. Na África e na Ásia não se está percebendo isso, mas as pessoas querem ir para a cidade. E as metrópoles estão com mais gente se verticalizando, esta é a tendência global e é a nossa realidade, vocês vão entender depois porque eu estou falando isso tudo.

A segunda realidade contemporânea é a população, é curioso, quando disseram que era necessário controlar a maternidade, porque a população estava crescendo a uma taxa geométrica e a produção de alimentos a uma taxa aritmética. Essa previsão aconteceu em 1802 e a população era de 1 bilhão de habitantes quando foi feita essa previsão, de que haveria um colapso e seria necessário controlar a população. Ninguém controlou a população e hoje somos 7,2 bilhões de habitantes. A ONU disse que teremos 9 bilhões em 2050 e não houve nenhum colapso. Thomas Malthus estava errado, a população da Terra cresceu de forma inacreditável, continua crescendo e talvez se estabilize em 2050, essa é a nossa história. Entendendo o que está acontecendo no mundo, não se pode desconsiderar a população, eu digo isso porque existem algumas suposições que parecem desconsiderar que somos 7,2 bilhões de pessoas e seremos 9 bilhões, e que as pessoas estão indo para a cidade, aumentando o nível de vendas e a demanda por proteínas. Essa é a realidade, há quem tenha já estudado a pegada ecológica da terra, a tecnologia da WWF, que é uma grande e prestigiada organização internacional. Segundo a WWF, a pegada ecológica da Terra permitiria que estivéssemos no mundo atual vivendo equilibradamente se fôssemos 3,7 bilhões, mas já somos 7 bilhões, então existe uma pegada ecológica que depende de nós que estamos aqui, é terrível, mas é assim.

A terceira realidade que eu quero destacar é a qualidade de vida. É fantástico, nós hoje vivemos aqui em São Roque, São Paulo, em qualquer lugar do Brasil e os outros seres humanos em qualquer outro lugar do planeta, em condições materiais muito melhores que tivemos no passado, que tiveram os nossos avós ou nossos pais. Isso facilitou o seguinte: quando estudamos São Paulo, por exemplo, aquilo que nos anos 70 nós chamávamos de periferia, que era onde não tinha asfalto, não tinha farmácia, não tinha alimento, não tinha nada, aquele êxodo rural formando a periferia, hoje se você for à periferia, eles têm tudo lá. É impressionante como a qualidade de vida média da população aumentou, no mundo se relata isso e isso significa o seguinte: hoje essas pessoas não têm mais aquelas exigências de 30 ou 40 anos atrás, e sim novas exigências. Isso tem a ver com os políticos, por exemplo. Hoje o prefeito vai inaugurar uma obra e não vai ninguém. Antigamente até asfalto se inaugurava, e era o acontecimento. Hoje, na verdade, seria proibido, porque se você arrecada recursos, você está fazendo apenas a sua obrigação, é isso que o povo pensa, e não tem mais obras. As pontes, por exemplo, já foram feitas, tudo bem fazer outras, mas a necessidade da população em atender a sua qualidade de vida está em outro nível, ele não quer mais comer, e sim o alimento saudável. É outra exigência, mais “refinado”, ele quer qualidade de vida, respirar melhor. Antigamente, ele queria apenas arroz e feijão.

Então, a urbanização, o crescimento populacional, o nível médio da qualidade de vida atendido e em quarto lugar a realidade virtual. Não podia ser outro numa sociedade conectada. Há quem estude esse assunto da internet e chega até a fazer previsões de que em 2037, as pessoas na Terra estarão sendo mais influenciadas pelo mundo virtual do que pelo mundo real. Hoje, muito dos nossos filhos já são influenciados mais pelo virtual do que pelo real, onde eles jogam futebol hoje? No computador. Então, está acontecendo uma coisa onde o mundo virtual está se tornando mais importante que o real, o que vai acontecer? Isso está mudando tudo, a política, o marketing, todo processo de vendas e negócios e está sendo terrível. Há quem esteja prevendo que algumas profissões irão desaparecer, até que a profissão de advogado, tomara que não, irá desaparecer, porque você pergunta no iPhone e fala do seu problema. Ele dá uma resposta dez vezes mais curta do que o advogado, o que demoraria duas ou três horas, agora você consegue em questão de segundos. Se eu tenho uma dúvida para fazer isso ou aquilo, em cinco segundos já é dito que tenho que fazer isso e aquilo para resolver. A mesma coisa para os carros. Por que você vai querer ter um carro? Você pede e o carro aparece na sua frente sem motorista. Daqui a 20 anos não vai ter mais motorista de carro, não sei se é verdade ou não. Tenham paciência que eu estou fechando aqui. Vou resumir aquilo que nos interessa nessa realidade para responder e mostrar que nós gostamos do mundo rural e somos interessados em saber o que vem e como nós podemos nos encaixar no novo mundo rural. Temos que enfrentar três desafios que são terríveis. O primeiro é o avanço tecnológico. Há 10 anos nós plantávamos cana do mesmo jeito, hoje tudo mudou, quando você aprender uma coisa já tem outra, a tecnologia está muito na frente e precisamos estar convencidos de que o poder do conhecimento e da informação tecnológica vence qualquer barreira. Às vezes demora, mas vence. A mais demorada barreira de crescimento que se conhece é aquela ultrapassada pelo Galileu Galilei, que desenvolveu o telescópio, e conseguiu vislumbrar as luas de Saturno e disse que Copérnico estava certo. A Terra não é o centro do universo, esse foi o precursor da ciência, porque ele criou uma ferramenta, enquanto Copérnico só idealizou. Quando Galilei disse que Copérnico estava certo, porque eu criei uma ferramenta e olhei, sabe o que aconteceu? Ele sofreu o processo da Santa Inquisição e foi condenado. Morreu pobre, cego e sozinho, em 1642, condenado pela igreja católica. Olha como essa história é incrível. Em 1980, o Papa João Paulo II pediu a revisão da condenação de Galileu Galilei, e em 1992, a igreja católica o absolveu, 350 anos depois de sua morte. Ele estava certo. Ás vezes, o conhecimento tem barreiras, mas veja bem, ele não era louco e sim estava certo. Tem gente que hoje está na frente com uma inovação tecnológica, uma ideia e falam que o cara é louco, mas ás vezes o louco que está certo, porque quem está fazendo a mesma coisa há 30 anos está seguindo o preceito da tradição, então esse é um aprendizado que a civilização nos deu.

Eu trouxe esse gráfico para mostrar para vocês a população de 1950 e 2000 e a produção de alimentos como cresceu, ou seja, a tecnologia vence. Esse para comparar o Brasil com os Estados Unidos nos últimos 50 anos, aqui estão os Estados Unidos em produtividade física por hectare e aqui estamos nós, não é fantástico? A tecnologia dá certo, é incrível, isso se chama intensificação, quando plantamos algodão no estado de São Paulo, quem se lembra? Muitos de nós ficamos um pouco chateados, o algodão desapareceu do estado de São Paulo, no Paraná também não se planta algodão, o algodão foi para a Bahia, Goiás, Mato Grosso e a produtividade lá é 3 vezes maior do que produzimos aqui, e a fibra do algodão é sensacional, nós ficamos para trás. Esta intensificação, muita gente acha que causa problemas ecológicos, mas eu não concordo. Essa é a área que produzimos hoje no Brasil, se nós mantivéssemos o nível de produtividade de 30 anos atrás, nós teríamos que produzir nessa área para ter a mesma produção. Isso pode ser produzido num efeito ambiental com contribuição da tecnologia, ou seja, quanto mais produzirmos por hectare, mais nós economizamos florestas, certo? Se nós não tivéssemos aumentado a produtividade, nós teríamos que ter produzido soja, milho, arroz, mas o que está acontecendo é que os ganhos de produtividade estão economizando área.

Eu vou mostrar uma coisa para vocês entenderem a tendência mundial. Este é um desafio da tecnologia, o outro é a globalização. Quem já viu um pouco da vida assim como eu e alguns que estão aqui, lembrando que nos anos 80 no Brasil, todos discutíamos quem era a favor e quem era contra a globalização. Eu lembro que o Nelson veio me procurar falando que estava entrando alho da China no Brasil, está acabando com o alho do Brasil, vamos proibir a importação desse alho. Mas nós queremos vender cana para eles. Se proibirmos a venda do alho deles aqui, eles não vão gostar desta história, mas o que fazemos com nosso alho então? Nós ficamos assim durante 10 anos, sem saber o que é melhor: globalizar ou não globalizar, o que a história 30 anos depois, nós descobrimos que a pergunta que deveríamos ter feito não era aquela, mas essa aqui: você quer ser globalizado ou se globalizar? Porque a globalização vai acontecer do mesmo jeito, então se vai acontecer da mesma forma, você quer se globalizar ou ser globalizado? Essa que era a pergunta a ser feita, e sabe o que significa isso? Quem se preparou para a globalização tirou proveito dela, e as empresas que não se prepararam se ferraram. Aquelas que viram a globalização e se prepararam, entraram no mercado globalizado e muitas tiraram sua vantagem e progrediram, enquanto outras ficaram para trás.

O terceiro desafio contemporâneo que estamos enfrentando é a sustentabilidade, e eu penso, dou aulas, faço conferências no Brasil fazendo a seguinte pergunta: vocês querem engolir ou dominar a sustentabilidade, sabe por quê? Porque a sustentabilidade veio para ficar e é parecida com a globalização, não adianta gostar ou não, essa é a força global, o mundo globalizado e tecnológico. É também o mundo da sustentabilidade, e portanto, para nós que queremos olhar para o futuro, você só tem uma saída: dominar e se preparar, e assim tirar vantagem da sustentabilidade, caso contrário, você vai se ferrar e a sustentabilidade vai te tirar do mercado.

Antes de eu ir para frente e finalizar, eu quero ainda chamar atenção de algumas coisas: a sustentabilidade, os requisitos da produção amigável, os problemas ecológicos vão acabar com o mundo? Tem gente que fala: “se fizer tal coisa o mundo vai acabar”, e eu posso responder tranquilamente, o mundo não vai acabar. A mais importante previsão sobre o fim do mundo foi feita no livro “Os limites do crescimento” de 1972. Essa era a previsão sobre os recursos naturais da Terra, sobre crise ecológica e a previsão mostrava, era o início do computador. O resumo da história: todas as curvas se inverteram e haveria um colapso na civilização nos dias atuais, o que não aconteceu e por quê? A capacidade de inovação tecnológica foi superando os obstáculos e dando oportunidades, a população está crescendo, os recursos naturais aumentando a pegada ecológica e novos materiais surgiram. Então, falar sobre o mundo da sustentabilidade, global, tecnológico e olhar para frente, fiquem tranquilos porque não haverá colapso na civilização, mas nós precisamos desenvolver conhecimento. O dilema da civilização mostrou Copérnico e Galileu lá atrás, nessa capacidade. Quais são as novas tendências tecnológicas?

Primeiro, gás carbônico, hoje é curioso, no Japão e Estados Unidos não se fala mais em sustentabilidade e sim economia de gás carbônico, por conta do aquecimento global. Então, produzir no campo ou produzir na cidade, progressivamente vai ser exigido produzir com tecnologias de baixo carbono, e fundamentalmente, com energia renovável e produtos que não gerem gás para a atmosfera. Essa é uma tendência tecnológica, todas as agriculturas do mundo vão seguir essa tendência e nós não vamos ficar fora dela, quem ficar de fora vai se ferrar, essa é a tendência.

A segunda tendência, consequência da primeira, é a biotecnologia, que significa controle biológico de pragas e doenças, mas também energia genética, desenvolvimento e aprimoramento de organismos produtivos. Essa é uma tendência que os grandes laboratórios estão investindo muito nisso.

A terceira tendência são as chamadas fazendas inteligentes, que não precisam de terra mais para produzir. Um exemplo é a Smart Farm da Austrália, que produz tomate, planta em quinhentos hectares e usa água retirada do mar e zero pesticida, porque no deserto não tem patógeno. Usando um círculo fechado de energia, energia solar como fundamental, tem alta qualidade e produtividade, 100% de rastreamento, mas ainda é cara, pois a pequena escala é cara, quando se amplia a escala diminui o preço. Em termos de produção essa é a tendência, economia circular, o que é lixo para um acaba sendo matéria prima para outro, não é mais reciclagem, é mais integrável. Aqui no Brasil a gente não consegue nem fazer a reciclagem urbana, separar lixo orgânico do reciclável, enquanto o mundo já está trabalhando em economia circular, sem desperdícios. Isso é um pouco de economia circular, a integração lavoura – pecuária – florestas, que é uma tendência, já existem cinco milhões de hectares no Brasil com essa integração, não é começo, meio e fim, isso volta para o começo, é tendência tecnológica, do futuro, é alimento saudável, gastronomia diferenciada, aliás, na gastronomia muitas coisas curiosas estão acontecendo. Esta é a mais fantástica delas, os insetos estão chegando às mesas, e com certeza farinhas de insetos serão misturadas a farinhas e farofas e distribuídas a polos que precisam de mais proteína, porque os insetos têm uma média de 50% de proteína sobre seu peso. Quem sabe daqui a uns anos estaremos indo para a padaria comprar pão com um pouco de gafanhoto na farinha de trigo.

Aqui tem uma historinha para mostrar a tendência, isso é uma rede de supermercados norte americana, a Whole Foods Market, que tem 460 lojas, faturou 16 bilhões de dólares no ano passado e tem mais de 87 mil empregados. Ela foi comprada pela Amazon na semana passada. Vocês acham que orgânico é uma tendência boa ou ruim? Vocês acham que a Amazon ia comprar algo que não tem futuro? São tendências no núcleo da economia global, não é pouca coisa, porque no Brasil muita gente vê essas coisas como sendo da roça e antigo, mas não, orgânico é capitalista e profissional. De repente eu quero fazer para entrar em um circuito diferente, também pode, tem tendências tecnológicas que estão afinadas com aquilo que eu apresentei hoje. O mundo cada vez mais urbanizado, virtualizado, com tecnologias avançando cada vez mais, e no meio disso muitas oportunidades e vantagens. O mundo está indo para frente, os problemas ecológicos não vão acabar com o mundo. Eu quero trazer uma visão otimista dos problemas que teremos que enfrentar e sobre as oportunidades que vão nos abrir, mas eu vou fazer uma pausa agora para terminar. Vou fazer essa pergunta e qual é a resposta? Não, só tecnologia não resolve, é preciso de cooperação e companheirismo, hoje a garotada que faz empreendedorismo fala em “Cocriação” para enfrentar o mundo globalizado e tecnológico. No mundo da sustentabilidade é preciso cooperação, sozinho vai quebrar a cara. Como no caso dos brasileiros, mesmo todos vindo ajudar hoje, o brasileiro é muito individualista, é difícil essa força da cooperação. Tem gente que acha chato, eu penso ainda que mais do que cooperação, é preciso ter novas atitudes e aqui estão sete delas, eu apelidei como “os sete fazeres”.

A primeira é não esperar e sim fazer acontecer. A segunda é parar de reclamar e sim ir fazer, o agricultor brasileiro reclama muito. O terceiro: corra atrás de conhecimento e saiba fazer, o quarto é participar e fazer política, meio difícil falar sobre isso nos tempos de hoje, mas é fundamental, é a participação do cidadão. O quinto é mudar, fazer inovação e ajudar os outros fazendo o bem, então, quando me perguntam se podemos enfrentar o novo rural, é claro que dá, mas não pensando no passado, é preciso correr atrás.

Qual é nosso maior desafio? Como vencer esses desafios da cooperação, novas atitudes, tecnologia, como? Eu respondo: dando poder aos jovens, eles que são capazes de vencer esses desafios. Quem já caminhou na vida como alguns de nós, se acreditamos que é uma contribuição que devemos dar ao mundo novo, é ter a sabedoria de como ver os mais jovens, e nem sempre estamos fazendo isso. Estamos envelhecendo, e os jovens saindo do nosso lado, as nossas atitudes não estão os atraindo, fora a cidade e o virtual que o atrai, mas é claro, você não coloca nem uma antena de internet na fazenda, você quer que o jovem fique do seu lado como? Você quer que ele fique desligado em um mundo conectado? Ele vai embora, a sucessão familiar da agricultura está sendo um drama no Brasil e no mundo inteiro, por problemas dessa natureza, nós temos que ser capazes de dar esse passo.

Nos sindicatos no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul é proibido ser eleito na vez seguinte, então o que é feito: ele prepara um sucessor. Nós precisamos preparar os nossos sucessores, porque, por mais que nos esforcemos, não sabemos falar inglês direito, no mundo globalizado se você não falar inglês vai acabar se ferrando, assim como é preciso estar conectado no mundo tecnológico. E quem não vai se ferrar? Os nossos filhos, mas eles precisam estar do nosso lado, este é o nosso maior desafio, como cada um vence esses desafios é preciso ver as possibilidades de cada um, enquanto estamos vendo crise, a molecada está vendo oportunidade, esse é o novo mundo rural.

Estou terminando, tive a ousadia de trazer minhoca para a cabeça de vocês e chamar atenção para o fundamental das tendências tecnológicas, as tendências globais e os desafios de segurar nossos jovens. Vou fazer uma confissão, sou um homem de muita sorte, não apenas porque estou falando com vocês e na vida fiz coisas, mas sim porque quando eu sair daqui, eu irei sentar na plateia e minha filha fará uma apresentação para vocês, e eu vou aprender com o que ela vai falar sobre certificação orgânica. Isso me emociona, mas é a minha história, porque eu não fiz com ela o que meu pai fez comigo, quando eu me formei em Piracicaba na ESALQ, eu fui tentar ajudar meu pai na fazenda em Araras, e na terceira vez que ele falou: “acabou de se formar e já quer dar aula?”, eu fui prestar concurso e comecei a dar aulas na Unesp em Jaboticabal. Quanto mais escuro for a noite, mais brilhante as estrelas. Obrigado!

Eng. Agrônomo pela Esalq/USP, mestre em Economia Agrária pela USP e Doutor em Administração pela FGV/SP, foi professor da Unesp/Jaboticabal, ocupou vários cargos públicos destacando-se os de Secretário Estadual do Meio Ambiente (2007-2010), Deputado Federal pelo PSDB/SP (1998 – 2006),  Secretário Estadual de Agricultura (1996-98), Presidente do Incra (1995) e Chefe do Gabinete Pessoal do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995). Conferencista e escritor, publicou dez livros sobre os temas da questão agrária, agricultura, sustentabilidade e democracia. Consultor em organização, marketing de agronegócios e sustentabilidade, é professor de MBA da FGV/SP, sócio-diretor da OIA Brasil/Certificação sócio ambiental e sócio-diretor da ePolitics Graziano, empresa de posicionamento digital.
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